Este blogue destina-se a acompanhar a realização do mestrado em Pedagogia do e-learning através de registo sobre os acontecimentos.

domingo, 11 de abril de 2010

Cibercultura - Pierre Lévy














Para iniciar este post vamos então começar pelas definições dos principais conceitos, termos ou noções que estarão envolvidos na abordagem à cibercultura desde o ponto de vista de Pierre Levy.
Para falarmos em cibercultura teremos que falar em ciberespaço, referido algumas vezes pelo autor como rede (pág. 17), é o meio de comunicação que surge das interligações de computadores espalhados pelo mundo. O termo ciberespaço não se cinge apenas à estrutura física da comunicação mas abrange também o mar de informação bem como todos os navegantes que alimentam e se alimentam da comunicação, comunicação essa que permite a combinação de vários modos, como por exemplo, o correio electrónico, videoconferências, hiperdocumentos, plataformas de aprendizagem ou de trabalho colaborativo como por exemplo o Moodle. É no ciberespaço que se criam as comunidades virtuais que são as componentes da cibercultura e que se formam a partir de interesses comuns entre pessoas e organizações. Com o desenvolvimento das aplicações na e em rede a cibercultura conhece novas evoluções e introduz uma nova forma de cultura que é mais abrangente que uma sub-cultura ou uma cultura de tribos, é uma manifestação da vitalidade social contemporânea, é uma dinâmica sócio-cultural e política da rede que representa uma reformulação das relações sociais e a criação de comunidades em ambientes virtuais, ao mesmo tempo que potencia o aparecimento de novos comportamentos. O termo cibercultura (pág. 17) específica um conjunto de técnicas, materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem juntamente com o crescimento do ciberespaço, resumindo as progressivas transformações a que a sociedade digitalmente incluída assiste. A evolução tem como base as novas tecnologias intelectuais, que originaram alterações no imaginário do ser humano, na forma como as pessoas se relacionam entre si e com a própria tecnologia. Surgem novos espaços e meios de sociabilidade que, apesar de diferentes dos tradicionais, são estruturalmente semelhantes. O que se verifica é uma reinvenção ou apropriação dos códigos convencionais. Como exemplo poderemos verificar o que se passa com o Farmville do Facebook, que não é mais do que um jogo, inserido numa rede social, mas que já conta com 74 milhões de utilizadores activos e como fenómeno foi objecto de uma reportagem televisiva









A rede é formada por comunidades virtuais que podem ser exclusivamente virtuais, com base no mundo “offline” e outras que passam do universo online para o tradicional. O que é evidente é que o ciberespaço é um espaço social onde é possível encontrar novas formas de sociabilidade, onde as oportunidades são idênticas para utilizadores comuns ou organizações e as consequências das acções nos mundos virtuais têm um enorme impacto na vida quotidiana, como referencia uma das entrevistadas que vinha a correr do trabalho e a primeira coisa que fazia era tratar da sua quinta. A transposição já não se dá apenas do real para o virtual mas sim e também do virtual para o real como foi referido na reportagem e como poderá ser confirmado pela notícia que se segue.



Ao abordarmos a cibercultura não poderíamos deixar de referir a ciberarte (pág. 136) cuja característica mais constante é a participação nas obras daqueles que as provam, interpretam, exploram ou leêm, não se tratando apenas de uma participação na construção do sentido, mas sim uma co-produção da obra, uma vez que o "espectador” é chamado a intervir directamente. A organização dos processos de criação colectiva é outra das características das artes do virtual: colaboração entre os artistas e participantes, estabelecer as ligações que formam a rede de artistas que contribuem para a mesma produção, registo da interacção ou de percurso que dá origem à obra. Como exemplo temos um coro virtual que junta 185 vozes de 12 países dirigido pelo compositor norte-americano Eric Whitacre e que interpreta Lux Aurumque
O compositor lançou o repto e as 185 vozes foram individualmente colocadas no Youtube ao longo de vários meses, e agora o vídeo final está disponível na internet, com som e imagem sobre um cenário 3D. Os participantes são maioritariamente jovens e em fundo há panos de palco, estúdios de gravação, quartos e espelhos, ou simples paredes lisas.







Para além da criação colectiva e da participação dos interpretes a criação contínua é outra das características da ciberarte.

Segundo Pierre Lévy (pág. 145)"O género canónico da cibercultura é o mundo virtual" que é definido pelo autor como "uma reserva digital de virtualidades sensoriais e informacionais que só se actualizam na interacção com os seres humanos. De acordo com os dispositivos, essa actualização é mais ou menos inventiva, imprevisível, e deixa uma parte variável para as iniciativas daqueles que nela mergulham. Os mundos virtuais podem eventualmente ser enriquecidos e percorridos colectivamente. Torna-se, nesse caso, um lugar de encontro e um meio de comunicação entre os seus participantes." Como exemplo temos o bailado virtual do "Quebra Nozes" no Second Life:







Os “bailarinos” que compuseram o elenco do “Quebra Nozes” virtual são simples utilizadores do Second Life, espalhados pelo mundo inteiro. O encenador Inarra Saarinen (fundador e director do Second Life Ballet)estudou a adequação dos movimentos que os avatars do Second Life poderiam realizar no ambiente virtual de forma a repetirem os passos do ballet clássico. São movimentos apenas executados por dedos num teclado. Alinhou a sequência dos movimentos nas teclas para cada um dos bailarinos e depois pô-los a ensaiar seis horas por dia. Cada bailarino, na sua parte do mundo, à hora marcada, deslocava-se até ao endereço do teatro virtual e juntos faziam os ensaios ao som da música até estarem todos os movimentos sincronizados. No dia 1 de Dezembro de 2007 o ballet foi inaugurado.

Em forma de conclusão: a inteligência colectiva jamais irá prescindir da inteligência pessoal, do esforço individual e do tempo necessário para aprender, pesquisar, avaliar e integrar-se nas diversas comunidades, mesmo que virtuais.

A cibercultura expressa uma mutação fundamental da própria essência da cultura. De acordo com a tese defendida por Levy , a chave da cultura do futuro é o conceito de universal sem totalidade.
É universal porque promove a interconexão generalizada de computadores que formam a grande rede, mas cada nó é fonte de heterogeneidade e diversidade de assuntos, abordagens e discussões, em permanente renovação.

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